A AMD detalhou as novidades de seus futuros processadores baseados na microarquitetura Zen 5. Além da linha AMD EPYC, focada em servidores, a empresa falou de seus processadores para desktops, os Ryzen 9000, codinome Granite Ridge, e seus modelos para notebooks, os Ryzen AI 300, codinome Strix Point.
Vamos detalhar neste artigo as principais evoluções nestes produtos, tanto em seus núcleos de processamento Zen 5, novas tecnologias introduzidas e também a atualização na linha de mainboards da plataforma AM5, os AMD chipset 800.
Em outro artigo iremos focar nos processadores para notebooks Strix Point, falando de suas tecnologias como os núcleos heterogêneos, gráficos integrados RDNA 3.5 e aceleração de IA via XNDA 2.
Zen 5
A nova geração de processadores tem como base a microarquitetura Zen 5. A AMD buscou novo ganho de dois dígitos percentuais comparado ao que é oferecido nos processadores Zen 4 (Ryzen 7000 e 8000G). Segundo a AMD, a média de ganho de performance comparado aos antecessores é de 16%.
Uma mudança relevante é o aumento de IPC. Os Zen 5 são capazes de entregar mais trabalho por ciclo. Parte desse avanço é o aumento na robustez da estrutura básica dos núcleos Zen 5 comparado aos núcleos Zen 4.
As estruturas de entrada das instruções ficaram maiores, e a AMD dobrou a largura de banda com as memórias cache nível 1 e 2 (L1 e L2 cache), subiu a quantidade de 32kib para 48kib e aumentou a precisão das predições dos dados que serão necessários, tudo para reduzir a necessidade de fazer acessos ao cache e mover dados.
Ou seja: como um todo o processamento é acelerado, graças a hardware mais robusto tanto nas entradas quanto nas saídas das operações, e o sistema de cache foi reforçado para garantir que não ocorram gargalos e esse sistema fique ocioso porque está esperando dados. Como a AMD mesmo chama na apresentação, é preciso “feed the beast” (alimentar a besta, em tradução livre).
Outra mudança relevante é no aquecimento. Esse tópico foi criticado em nossas análises dos Ryzen 7000, com o aumento perceptível das temperaturas nesse produtos comparados aos antecessores Ryzen 5000.
Aqui o segredo é um uso mais eficiente das informações dos sensores. A AMD tornou a distribuição de carga pelo chip mais eficiente, de forma a amenizar os picos de temperatura em pontos específicos do die, os hotspost. Com isso, temos uma redução de 7ºC na temperatura, operando no mesmo TDP que um modelo Ryzen 7000.
No geral, a microarquitetura Zen 5 alcança ganhos de performance através de várias melhorias em simultâneo. Fetch, Execution, Decode e largura de banda das memórias cache, todas juntas, contribuem de forma mais ou menos parecida para os avanços dessa geração.
AMD Ryzen 9000 (Granite Ridge)
Os modelos de processadores em específico não receberam novidades no evento, afinal, já haviam sido anunciados na Computex 2024. Em geral, eles mantém as mesmas configurações de seus antecessores, com a linha Ryzen 5 entregado 6 núcleos, Ryzen 7 com 8 núcleos e a linha Ryzen 9 com 12 e 16 núcleos.
AMD Ryzen 9000: mais frios
Primeiro é um novo design com melhor condutividade do calor. Os chips Ryzen 9000 agora dissipam o calor de forma 15% mais eficiente, algo que resulta em uma operação 7ºC mais fria no mesmo TDP.
Mas houve também um redução nos próprios TDPs. Com exceção do Ryzen 9 9950X, que seguirá com o TDP elevado de 170W, todos os modelos Ryzen 9000 terão reduções na dissipação de calor. Os Ryzen 5 e Ryzen 7, por exemplo, voltam ao TDP estimado de 65W, o mesmo que possuíam na linha Ryzen 5000.
Essa redução quer dizer um custo menor na compra de sistemas de arrefecimento. Na série Ryzen 7000, a recomendação era de um liquid cooling para todos os modelos X a partir do Ryzen 5 7600X. Agora temos novamente um boa possibilidade disso ser minimizado na série 9000.
Para alcançar essa redução no TDP, a AMD mudou as curvas de operação dos Ryzen para trazer a dissipação de calor para patamares menores que seus antecessores.
Apesar da evolução na produção e calor, os Ryzen 9000 seguem trazendo o modo AMD ECO, introduzido com os Ryzen 7000, que muda a curva de operação dos CPUs para ampliar a eficiência, reduzindo o consumo e o aquecimento com uma redução na performance.
Os processadores Ryzen 9000 estarão disponíveis a partir de 31 de julho.
Chipsets 800
Nas placas-mãe também temos novidades. A AMD já havia anunciado os chipsets topo de linha novos, os X870E e X870. No evento de deep dive nas tecnologias Zen 5 foram anunciados os chipsets B850 e B840.
As principais diferenças são reduções na velocidades dos slots PCI Express bem como tecnologias USB mais lentas, bem como a mudança no suporte ao overclock. A B840 segue com o suporte ao overclock das memórias e do processador, porém reduz o suporte ao PCIe 5.0 apenas a um slot NVMe, e PCIe 4.0 para a placa de vídeo.
O chipset B840 é o mais curioso. Ele não disponibiliza overclock do processador, apenas das memórias. O slot PCIe é reduzido ao suporte a tecnologia PCIe 3.0. Essas restrições fazem ele quase parecer um chipset da linha “A” final 20 de gerações anteriores, como uma A520 ou A320, apesar de ser um chipset “B”.
Overclock: Memórias dos AMD Ryzen 9000
Temos novidades nas frequências de operação e a modificação dessas configurações pelo usuário. A grande novidade busca resolver uma deficiência versus modelos da rival Intel: velocidade das memórias.
Até os Ryzen 7000, a estrutura de comunicação das memórias e o Infinity Fabric que conecta as várias estruturas dos chips Ryzen, tinha uma limitação. Você alcança os melhores resultados subindo até a casa das 6000 milhões de transferências por segundo (MTs, ou 6000MHz, como comumente é chamado). Acima dos 6400MHz, não apenas começa a ficar mais difícil estabilizar o sistema, também passamos a ter ganhos menos relevantes e até mesmo quedas de performance.
No novo AGESA vai lidar com velocidades em memórias RAM na casa dos 8000MTs, melhorando não apenas a estabilidade, mas também tirando mais ganhos de performance dessa configuração. A AMD também vai ampliar o suporte oficial, comportando também o padrão JEDEC em velocidades de 5600MTs, “igualando o jogo” com a Intel, que suporta essa velocidade desde a 13ª geração Intel Core.
Enquanto a proporção de operação do Infinity Fabric e das memórias tinha seu “ponto ótimo” na casa dos 6000 a 6400MTs operando na relação 1:1 (3000MHz no DDR, 3000MHz no Infinity Fabric, por exemplo), agora memórias operando na casa dos 8000MTs devem entregar outro ganho de performance, compensando a latência adicional da troca para a proporção 2:1 com muito mais velocidade na operação da memória.
Uma novidade interessante para o overclock das memórias é a possibilidade de fazer os ajustes com o sistema operacional operando, o Memory Overclock On-the-Fly (OTF), através do Ryzen Master. Se o sistema ficar instável e reiniciar, você irá retomar a um perfil estável do DDR e poderá tentar novamente, com outro ajuste. Infelizmente as novidades para as memórias ficaram restritas aos modelos Ryzen 9000.
Overclock: Processadores AMD Ryzen 9000
Para o overclock do processador também temos novidades nos Ryzen baseados em Zen 5. Gerações anteriores já disponibilizavam o Curve Optimizer (otimizador de curva, em uma tradução livre). Com ele, você pode criar um desvio para cima ou para baixo da operação do processador
O problema dessa abordagem é que esse ajuste não é eficiente em toda a curva de operação do processador. Por exemplo: um undervolt pode funcionar quando o processador está em altas frequências em um ciclo single-core, mas pode ser insuficiente para sustentar um clock um pouco menor mas em todos os núcleos trabalhando simultaneamente.
Para resolver isso os Ryzen 9000 trazem um novo ajuste, o Curve Shaper (modelador de curva, em tradução livre). Ele viabiliza fazer os microajustes necessários para o offset funcionar em diferentes cenários. Assim você pode configurar diferentes mudanças em frequências altas ou baixas, temperaturas menores ou maiores.
Falando em overclocking, a sessão de overclock extremo com LN2 foi um bom momento para entender o salto em performance dos modelos Zen 5 versus seus antecessores. O recorde em CineBENCH multithread é de 50843 feito em um Ryzen 9 7950X operando com todos seus núcleos e 6.7GHz. O Ryzen 9 9950X operando em 5.9GHz já foi capaz de alcançar 51340, afinal a nova tecnologia consegue realizar mais processor por ciclo, logo pode entregar uma pontuação mais alta mesmo estando em clocks mais baixos.
Fonte: Adrenaline